São Paulo
Da pacata cidade de nome Barro, no interior do Ceará, para a metrópole paulistana e a consagração no mercado mobiliário, onde detém seis amplas lojas que recebem milhares de pessoas mensalmente. A trajetória empolgante faz parte da biografia de Sylvia de Araújo, popularmente, conhecida como Sylvia Design.
Formada na escola da vida, como fez questão de afirmar durante entrevista exclusiva ao Shopping News, em uma de suas lojas, Sylvia revela que a criatividade e a perseverança contribuíram para saísse da pobreza e chegasse a nobreza. “Me vesti de mulher gato na televisão e sabia que aquilo poderia ser contra ou a favor a minha estratégia de negócios”, disse a empresária que há quase dez anos atrás abria sua primeira loja com um capital de R$ 8 mil e hoje fala de um projeto de expansão e a construção de uma concept store.
Centrada na realização de suas metas, Sylvia não desistiu de desafios. Com a meta de proporcionar condições melhores para seus familiares não somente sonhou em crescer, mas o principal, conseguiu crescer. “As coisas não são fáceis. Tive que arregaçar as mangas e fazer a construção do meu sonho.”
Dona de um carisma invejável, de uma humildade indiscutível, a empresária relembrou durante um bate-papo regado de boas risadas importantes passagens desta trajetória de vida, que serve de exemplo a muitos brasileiros que também buscam a vitória. Acompanhe:
Como e quando acontece sua chegada a metrópole paulistana?
Minha saída do Ceará se deu quando tinha 16 anos de idade. Sempre tive um sonho de vencer para que pudesse proporcionar uma vida melhor para minha família. Tinha uma irmã que morava eu São Paulo, mãe de três filhas e quando uma delas quebrou a perna tive que vir para cuidar dela e logo aproveitei para tomar uma decisão, não voltar para minha cidade natal, pois só retornaria com melhores condições para meus familiares.
Com a decisão você buscou emprego no mercado da cidade?
Sim. Meu primeiro emprego foi na rede Jumbo Eletro. Cheguei lá através do elefante, pois certa vez havia passeado na região central com minha irmã e vi uma placa enorme com o nome da marca. Com 16 anos consegui, pois me acharam ousada. Sempre pensei como patroa e não como empregada. Quando completei 18 anos fui promovida para a sessão de vendas, e certa vez um cliente me disse que eu era muito ousada. Depois fui trabalhar no comércio da Rua Teodoro Sampaio, onde trabalhei em uma loja de vestuário e também em uma loja de móveis onde aprendi muito. Fui correndo atrás de novas oportunidades. Cheguei a ser gerente de uma loja onde aprendi muito. Me encontro no segmento de móveis e adoro o que faço. Não tenho formação acadêmica e sim a graduação da faculdade da vida.
Do Ceará para São Paulo qual foi o primeiro impacto ao cair nesta selva de pedras?
Quando sai de minha cidade tinha 8 mil habitantes. Me lembro que cheguei em maio, de 1986, e estava um frio nessa terra. Não tinha roupa para a estação. Passei pelo Viaduto do Chá, no Centro e via aquele monte de gente indo e vindo. Na minha terra aquela cena só era vista em enterro ou em procissão. Fiquei rodando no meio de todo mundo. Sofri preconceitos, pois era uma nordestina no meio de um monte de gente. Mas quebrei todos os tipos de preconceitos. Adoro essa cidade que me acolheu.
Você comentou sobre as experiências na área de vendas, certo? Mas isso era um sonho ou aconteceu? Tinha na mente antes de sair de sua cidade que queria ingressar neste segmento?
Minha irmã tinha uma quitanda na minha cidade. Eu atendia lá. Sempre fui comunicativa. Acho que humor e vendas estão no meu sangue. Acredito que nasci com o dom de vender.
E quando começou a construção do império Sylvia Design?
Trabalhei por muito tempo e percebi o quanto havia enriquecido muitas pessoas, e logo disse: “agora chegou a minha hora”. Eu conheci o mercado, tinha credibilidade com fornecedores, mas meus recursos eram baixos. Tinha apenas R$ 8 mil para montar uma loja, mas tinha pessoas que confiavam no meu potencial. Comprei móveis para pagar depois de 120 dias. Fiz mídia para acertar depois dos resultados e tudo aconteceu. Depois de dois meses começou a clientela. Logo veio as demais lojas e hoje, talvez, seja uma das marcas mais lembradas.
Onde era localizada essa primeira loja?
Na zona norte, na Ataliba Leonal. Era uma loja pequena, com cerca de 200 metros quadrados. Hoje temos seis lojas, sendo cada uma com mais de mil metros quadrados com um mix de opções.
Qual é o público atendido pela rede Sylvia Design?
Tivemos uma mudança ao longo destes nove anos de história. Começamos com o atendimento a classe C, D e E. Nos últimos três anos, com minha presença na mídia me cobravam a montagem de uma Sylvia Design Prime. E isso foi um sucesso. O público A e B agradeceu a proposta.
E este nome marcante, Sylvia Design, foi uma ideia de quem?
Minha. Tudo que surge na loja eu é quem faço. Sou uma pessoa criativa e sabia que eu representaria bem uma marca, e lógico que deveria trazer o meu nome. Posso te dizer que eu respiro marketing.
Você comentou sobre algum tipo de preconceito ao chegar na cidade. E neste meio de vendas, como foi a aceitação dos profissionais a uma mulher nordestina?
Não foi fácil. Tive que apostar em mim mesmo. Havia chegado de uma cidade pequena, não tinha formação acadêmica. Aprendi que se você tem dinheiro tudo virá fácil, mas eu não tinha um tostão na carteira. Sai da minha terra em um ônibus, com três dias de viagem, comendo farinha. Posso dizer que dei muita sorte nos trabalhos, pois existia um número equilibrado entre homens e mulheres. Talvez um preconceito com relação ao sotaque, ao falar errado. Falo o que as pessoas têm que entender. Posso afirmar que não tenho preocupação com os pontos e vírgulas, mas sim passar uma mensagem. Também “mangavam” (tiravam sarro) das roupas que eu usava. E posso te falar, nunca tive medo de peitar um homem. Sempre fiz melhor.
É uma pessoa que busca desafios?
Sempre. Me dou muito valor. Me amo muito. Hoje parece um sonho quando vejo onde eu cheguei. Estou perto dos meus ídolos, e nunca pensei que um dia estaria entre eles. Isso não tem preço. Sou uma pessoa extremamente feliz e de bem com a vida. Não espero acontecer, mas faço acontecer. Não adianta cruzar os braços, tem que arregaçar as mangas e ir para o desafio. Um exemplo foi me vestir de mulher gato, um verdadeiro mico, mas eu sabia que poderia acertar ou erra na minha carreira. Mas decidi ir para cima. E tudo deu certo, pois meu faturamento explica tudo isso. Sei que o meu jeito agrada.
Como surgiu essa ideia de se vestir de mulher-gato?
Quando comecei a fazer a mídia pensei em me diferenciar em relação aos demais anunciantes. Fiz diversos personagens, mas quando me vesti de mulher gato todos atenderam o pedido e visitaram a loja. Foi um risco que deu certo. E posso antecipar que ela está voltando com toda a força, hein!
Da vida empresarial para a televisão, como aconteceu esse passo artístico?
Adoro televisão. Fazer humor está no sangue. Meus comerciais são todos improvisados. O cearense já nasce com humor. Volto a dizer que sou persistente e quando eu começo a focar em algo eu consigo. Se colocar na meta que estarei em um programa vou até o fim. Quando começou a propaganda da mulher gato e fui convidada a participar do “Programa do Jô”, todas as demais emissoras queriam saber quem era a maluca que fala “meau”. Hoje tenho amizade com muitas pessoas da televisão. Gosto de pessoas iguais ou melhores que eu, pois sempre busco espelhos de vida para novas vitórias.
Entre os aplausos e vaias que estamos sujeitos a receber, você teve uma experiência de uma pessoa que fez críticas em relação a você, no quadro Os opostos se atraem, do programa da Eliana. Como foi isso para você?
Fui verdadeira quando participei do quadro. De repente encontrei uma pessoa que falava mal de mim sem me conhecer. Sempre estou aberta a críticas, mas aquela pessoa não sabia nada de mim. Fui condenada por muitas pessoas, mas mostrei que sou autêntica. Sai como uma vitoriosa, pois passei para ele quem era a Sylvia Design e hoje ele até se tornou um amigo.
Mas quais foram os principais aprendizados após a participação neste programa?
A crítica e a ofensa não têm que ser respondida a mesma altura, mas sim diferente. Hoje eu faria diferente. Aprendi a ouvir com o programa a escutar. Talvez se participasse novamente eu seria mais serena. Também aprendi que ninguém é obrigado a amar ninguém, mas temos que respeitar a opinião de cada um.
E como está sua participação na Escolinha do Gugu?
Atualmente participo do elenco da Escolinha do Gugu, onde fui recebida com muito carinho. Foi difícil, pois fazer comédia não é fácil. Estou aprendendo muito e trago novos aprendizados também para os meus negócios.
Faz parte de seus planos futuros um programa da Sylvia Design na televisão?
Minha prioridade são os negócios. Muitas famílias dependem do negócio que administro e este é o meu foco. Televisão faço por que gosto e faz parte da estratégia de negócios.
E quantas pessoas trabalham nesta rede de vendas?
Não conto aqueles que trabalham indiretamente, e posso dizer que tenho mais de 200 pessoas ligadas diretamente as lojas Sylvia Design. Com nosso projeto de expansão vamos dobrar este número. Até 2015 estaremos com este depósito pronto, que também resultará em uma loja conceito da marca de cerca de quatro mil metros quadrados. O cliente será muito beneficiado, pois ele é o patrão. Posso dizer que este será um novo momento da marca.
Como você acompanha as tendências de seu mercado?
Sempre estou presente nas feiras no Brasil e no mundo. Quando não estou presente sempre está um representante da empresa. Hoje o consumidor está exigente e o mobiliário da casa oferece novas tendências com constância.
Decoração está associado a moda?
Sim. O consumidor busca novidades. Sempre quer trocar os móveis, busca o que está nas novelas, nos filmes.
Esse impulso da economia brasileira foi importante para o crescimento da Sylvia Design? Como sobre os impactos observados em seu negócio diante deste novo perfil de consumidores.
Como disse atendíamos até as classes D e E, e hoje muitos deles pertencem a essa nova classe C. O consumidor está exigente e nos acompanhamos. Digo que 60% de nossos clientes estão nesta classe econômica. Um público que compra e paga, pois sempre quer ter o nome limpo para realizar novas compras. Ele entra na loja para comprar e não somente para ver preços.
Tem dimensão de quantas pessoas passam pelas lojas hoje?
Tenho quase 3 mil clientes consumidores, que sempre renovam algo da casa. Agora de passantes são mais de 10 mil por mês. Muitos vem para me conhecer, outros para ver os móveis. Hoje recebo muita gente. Nos finais de semana nosso movimento é constante.
E com essa vida de fama, como faz para atender a todos, de manter presença em todas as unidades?
Tive que mudar minha rotina de trabalho no último ano. Confesso que entrei numa vida de estresse. Sei que dinheiro é importante, mas a saúde está acima de tudo. Hoje me organizo com horários dedicados a minha família, a viagem, a saúde. Costumo fazer pelo menos uma vez por mês uma tarde de autógrafos. Aliás, meus funcionários me cobram muito.
Quando funcionária você também cobrava a presença do patrão?
Sempre. Cuidava da loja como se fosse minha. Era do emprego que tirava meu salário, que mantinha minha vida. Sempre dei valor, e a cobrança do patrão era necessária, pois tinha que fazer minhas críticas e sugestões, que fazem parte para o sucesso de um bom negócio. O funcionário tem que ser trazido para o negócio, pois não adianta investimentos se eles estão descontentes.
E quais são essas ferramentas?
Primeiro é a mídia. Não tenho dó de gastar com mídia e promoções, pois isso faz parte do negócio. Isso é ferramenta de trabalho. Também tem premiações aos funcionários, cursos, workshops. O funcionário tem que se sentir dono da empresa para brigar pelo negócio. Não gosto da arrogância de dizer que é tudo meu, e sei que não faria sem meus funcionários. O nosso patrão é o cliente.
Qual conselho deixa àqueles que buscam vitórias semelhantes à sua?
É fácil e bom sair da pobreza e entrar na riqueza. Agora tem que tomar muito cuidado para não retornar as origens. Sempre aconselho às pessoas a terem humildade. É possível valorizar as pessoas e aprender a lidar com o dinheiro, pois este não compra amor, paz, saúde. As pessoas não podem ter vergonha do passado, de seus valores.
Por: Davi Brandão
“O que depender de mim a Sylvia Design será mais ousada do que é. Quero conquistar o mundo.” Sylvia Design
vc é linda , ou melhor espetacular , Parabéns mulher , Sucesso..........
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